O protocolo de prevenção ao risco de suicídio adotado pelo Poder Executivo foi apresentado nesta segunda-feira (11) à Câmara Setorial Temática (CST) criada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso para discutir a efetivação da política de saúde mental no estado.
A apresentação foi feita pela secretária Adjunta de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Lidiane Leite, e pelo coordenador de Gestão da Saúde e Segurança no Trabalho, Flávio Jabra Peixoto.
Conforme explicaram, o protocolo foi estabelecido a partir da necessidade de subsidiar as equipes psicossociais dos órgãos setoriais na identificação dos possíveis fatores de risco que podem causar danos à vida do servidor em sofrimento psíquico.
Somente no ano de 2022, foram afastados do trabalho 2.996 servidores do Poder Executivo do estado por transtornos mentais e do comportamento.
Segundo Flávio Peixoto, as etapas definidas pelo protocolo incluem a identificação dos servidores com indícios de comportamentos de risco, a classificação do risco, o encaminhamento para o serviço de psicoterapia on-line e telemedicina, contratados pelo governo e o acompanhamento dos servidores.
Os servidores com classificação de risco alto são encaminhados à Rede de Atenção à Saúde ou a uma unidade particular de saúde. Aqueles com classificação de risco médio são encaminhados para psicoterapia on-line e consulta de telemedicina, e os de risco baixo, à psicoterapia on-line.
O protocolo inclui ainda ações de prevenção, voltadas para o cuidado de servidores impactados pela perda de alguém próximo, com o objetivo de prevenir outros casos e de contribuir para a superação do processo de luto.
“A Secretaria Adjunta de Gestão de Pessoas, enquanto órgão central, é responsável por dar todo o subsídio e o apoio às unidades setoriais de gestão de pessoas. Então, no âmbito de cada secretaria nós possuímos um grupo instituído e acompanhado pelo órgão central, grupo esse composto por assistentes sociais e psicólogos, que têm todo o conhecimento técnico para acompanhar o servidor no momento de acolhida até as demais tratativas do tratamento com o médico psiquiatra”, frisou Lidiane Leite.
O médico psiquiatra Alberto Carvalho de Almeida destacou a importância da Câmara Setorial Temática da Assembleia Legislativa para discutir o tema e contribuir com a melhoria da rede de atendimento de saúde mental, que, segundo ele, ainda é extremamente limitada.
“O Hospital Adauto Botelho segurou as pontas muito tempo, mas agora não dá mais conta. É necessário que haja mais atendimento de emergência, como o CAPS III, que vai abrir aqui em Cuiabá. Além disso, falta profissionais de toda a área, psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, seja na UPA, no CAPS, em todo lugar. É preciso estruturar um serviço com técnicos especializados para dar vazão e atender essas pessoas, porque hoje está muito difícil. Quem tem paciente em crise não sabe o que fazer”, avaliou.
O presidente da CST da Saúde Mental, deputado Carlos Avallone (PSDB), avaliou como positivo o projeto desenvolvido pelo governo do estado para atendimento aos servidores. Em relação aos trabalhos da comissão, o parlamentar enfatizou os resultados positivos já alcançados, bem como as próximas ações que serão realizadas.
Entre as conquistas, está a destinação de R$ 2 milhões em emendas parlamentares para execução de obras, como a do CAPS III e do CAPS AD.
“Nós vamos continuar trabalhando, porque precisamos avançar muito mais ainda. A CST vai se reunir com a equipe de transição do prefeito eleito de Cuiabá, para que possamos discutir esse assunto, mostrar a parceria e os recursos que nós todos estamos dispostos a colocar para que possamos chegar a esse objetivo, que é colocar quatro CAPS III aqui em Cuiabá e criar os outros CAPS, outras residências terapêuticas e tudo o que for necessário”, declarou Avallone.
No interior do estado, o parlamentar destacou a necessidade da criação de unidades do CAPS I em 12 municípios.
“De 16 municípios que estavam faltando ser criados CAPS I, em quatro já foram instaladas unidades este ano, além de Sapezal, que não estava na lista dos 16. Em outros dois municípios o processo de instalação está em andamento”, frisou.
Livro – Durante a reunião, Alan Barros apresentou o livro de sua autoria “Antes que a [sua] luz se apague”, no qual relata sua experiência de mais de uma década de luta contra a depressão e outros transtornos comportamentais. A obra retrata ainda os sinais que pessoas com depressão e ansiedade apresentam e os tratamentos que, em sua avaliação, promovem resultados positivos.(ALMT)