Mato Grosso registrou 4.348 casos de hanseníase, de janeiro a outubro de 2024, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT). Em 2023, o estado liderou o ranking com a maior taxa de detecção da hanseníase no país, com 6.211 casos da doença.
Para tentar conter o aumento desses números, o Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) anunciou que a SES deve apresentar, em até 90 dias, um Termo de Compromisso voltado ao controle da doença no estado, contendo 20 propostas que foram discutidas durante o seminário “Construindo Ações para Mato Grosso Livre da Hanseníase”, realizado entre os dias 4 e 5, em Cuiabá.
Entre os planos exigidos está a inclusão das estatísticas sobre a hanseníase na análise das contas anuais dos municípios, como ponto de controle.
De acordo com o presidente do TCE-MT, Sérgio Ricardo, os gestores deverão prestar contas da situação da hanseníase em cada município para que estratégias de combate à doença sejam traçadas.
“Estamos 60% acima da média nacional. Mato Grosso detém a maior taxa de detecção de hanseníase do país, com mais 4 mil casos registrados em 2024, mas agora vamos descobrir onde está essa doença, em quais municípios e o motivo dela ainda existir em nosso estado. Vamos trazer isso à tona”, disse.
O planejamento deve ser apresentado ao TCE-MT, que também irá monitorar as ações, e à Comissão Intergestora Bipartite.
Durante o seminário, o secretário de saúde do estado, Juliano Melo, informou que, pelo menos, 10 ambulatórios de atenção especializada devem ser implementados dentro da linha de cuidado ao paciente, além de um núcleo de pesquisa sobre a hanseníase.
A doença e os números
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta a pele, nervos periféricos, olhos e mucosa nasal. A transmissão pode ocorrer por gotículas provenientes do nariz e da boca. Atinge comumente populações que vivem em condições de vulnerabilidade social.
O Brasil é o segundo país com maior incidência de hanseníase no mundo, atrás apenas da Índia. Em 2022, foram quase 20 mil novos casos, segundo o Ministério da Saúde.
Em Mato Grosso, apesar de não ter ultrapassado o número de casos em 2023, até o momento, dados mostram o aumento significativo de diagnósticos da doença nos últimos anos.
Do contágio ao tratamento
Se não tratada precocemente, o estágio avançado da moléstia pode causar danos severos aos nervos, deformidades, incapacidades físicas e amputações, além de transmitir a doença às pessoas mais próximas.
A doença tem cura e o tratamento é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Quando tratada, quebra a cadeia de transmissão, por isso a importância da sua detecção precoce.
As pessoas do convívio do paciente também devem passar por avaliação de um especialista. No passado, os doentes eram isolados e segregados, no entanto, o paciente deixa de transmitir a doença com o início do tratamento.(Jardes Johnson, G1)